segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nice to meet you

Imagem retirada da net / Música: Nice to meet you by Yanni

Sonhei-te quando ainda não te sabia. Fui as cordas do teu violino, vibrando de prazer ao teu toque. Fui uma escala musical e soubeste-me de cor. Fui a rosa que prendeste no cabelo e de onde aspiraste o delicado perfume. Fui o espartilho que te envolveu a pele e comandou o percurso dos teus seios.

Hoje, sou todas as lembranças que ainda não tive de ti.

Muito prazer em conhecer-te, miúda.




NOTA: o blogue termina, propositadamente, com esta publicação. Foi um prazer conhecer-vos e partilhar convosco tantos pedacinhos de mim.

sábado, 10 de julho de 2010

Dançamos?

Imagem retirada da net


Abre-se a porta. Baila no ar uma música suave. Um perfume almiscarado desperta-me para a sua presença. Recostada nas almofadas do leito, ela abre, lentamente, os olhos. Observa-me. Observo-a. O parco e diáfano tecido das suas vestes, revela-lhe as formas perfeitas e a pele leitosa. Passo pela jarra e colho uma rosa branca. Aproximo-me. Olho-a nos olhos e percorro-lhe os finos traços com a flor. Prende-a com a boca. Ri-se e sacode os longos cabelos negros, naquele gesto já tão habitual. Cresço por dentro. Estende-me as mãos. Estendo-lhe as mãos. Enlaço-lhe a cintura e aperto o seu corpo contra o meu. Danças comigo? - pergunto-lhe, sussuradamente. Ela suspira e acompanha-me na dança. A excitação do momento conduz-nos os lábios, que húmidos, trilham nos corpos estradas de nós e cresce-nos um fogo que se espalha por todo o quarto.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Não mais voltarei a amar

Foto retirada da net

Olhou-se de cima a baixo. Reviveu o seu corpo, outrora delineado e perfeito. Observou as suas mãos, antes, de dedos longos e finos e agora, deformadas e manchadas pela idade. Esboçou um esgar que lhe avivou ainda mais as rugas e naquele dia jurou matar o desejo que ainda vivia dentro de si.

Também já não importa, tive o meu tempo – pensou.

Como se fora um álbum, recordou as fotos das emoções bonitas que vivera. A vida correra-lhe a gosto. Amei e amaram-me muito. Não preciso de mais – constatou.

Mas porquê esta luxúria oculta que teima em subir por mim e se abriga, ainda, neste corpo gasto. Porquê esta vontade de vida? – perguntou-se.

Às vezes, nas noites mais solitárias, imaginava um roçar breve no pescoço, uma carícia ousada nas virilhas, um corpo quente junto a si e desejava que um homem lhe desbravasse as montanhas, secasse os rios, abrisse os mares e navegasse com ela.

Os homens da minha idade não são bons marinheiros e os que restam procuram sereias. Não mais voltarei a amar – decidiu, peremptória.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Adeus


Enquanto esperava por Baltasar, Blimunda mantinha um blogue. Um blogue feito de pedacinhos. Pedacinhos de humor, pedacinhos de dúvida, pedacinhos de amizade, pedacinhos de tempo, pedacinhos de vida.

No blogue da Blimunda intuíram-se caracteres, revelaram-se temperamentos, desconhecidos tornaram-se amigos e estabeleceram-se cumplicidades.

Um dia, Blimunda cansou-se da espera e do blogue. Levando nos olhos a verdade e a essência das coisas, entrou na passarola e percorreu os céus, procurando Baltasar.