sábado, 20 de fevereiro de 2010

Gafanhotos

Chegara manso, qual gafanhoto de inverno. Fugiu-lhe ao olhar directo, pegou no jornal e sentou-se à lareira.

- Onde estiveste? – perguntou ela, secamente, enquanto dobrava as camisas.
- Pensando na vida, Natália, pensando na vida.
- E que concluíste?
- Que a pele é inútil se não fala o idioma do ardor e da água.
- Molhaste os pés e picaste-te nas ortigas?
- Não.
- És complicado, homem. Deixa-me passar a roupa.

7 comentários:

cantinhodacasa disse...

Vá-se lá entender os homens!
Vá-se lá entender as mulheres!

Como disse no post anterior, um facto real de quem já não sabe ou está cansado de viver

Bj

Carapau disse...

O que a gente aprende por aqui:
1º- que os gafanhotos no inverno são mansos.
2º- que já não se pode pensar na vida, descansadamente.
3º- "que a pele é inútil se não fala o idioma do ardor e da água".

Conclusão: (errada?)
Se falar (a pele) lá se corre o risco de queimar a roupa...

Calendas disse...

Tiveste bem. Gostei mesmo. Ainda bem k aqui aprendes ainda qualquer coisa.

maria teresa disse...

Socorro estou a nadar com a pele a arder no meio de uma obra literária hermética digna de um prémio Nobel, já não penso em nada e penso em tudo... estou na chanfradura de um pensamento muito profundo.

Calendas disse...

Até que enfim que deste conta do suor literário, digno de um Nobel, que escorre pela pele deste blog!

maria teresa disse...

Sou lenta... mas ainda fui a tempo, não fui?

calendas disse...

Foste amori, mas foi preciso escrever três posts com a mesma frase... lol Mas agora que interiorizaste a belezura da mesma, nunca mais te vais esquecer!