Bernardo era um homem que se queria e achava moderno. Barba rala, alourada, com três dias de crescimento (dizia-se que agradava mais às mulheres), olhos castanhos - esvaziados do verde dos de sua mãe o que muito o tinha desiludido em tempos de adolescente -, cabelo farto e corpo cuidado à custa de muito suor ginasiano.
Como qualquer funcionário que se prezasse, Bernardo passava os tempos mortos do seu emprego na net. Um dia, entre uma olhadela nos emails e uma página de conteúdo um tanto ou quanto erótico (vista pelo canto do olho, não fosse o diabo tecê-las e o patrão desse de caras) descobriu uma loura maravilhosa.
Tornou-se um vício descobri-la logo pelas manhãs. Adorava os seus olhos cor de mel, a sua expressão meiga, a postura elegante, altura, comprimento das pernas. Enfim, uma fêmea e peras!
Passou a sonhar com ela e, pouco a pouco, tornou-se uma obsessão. Tinha de a ter. Mas era cara, talvez demasiado cara.
Pensou nisso durante algum tempo, calculou os prós e os contras como bom contabilista que era e, por fim, decidiu-se. Amanhã.
No dia marcado, destilando expectativa, levantou-se cedo. Preparou-se o melhor que pôde e que o seu corpo permitia (sim, porque a primeira impressão é demasiado importante para desperdiçar). Já no carro, ligou o GPS - que até comando tinha, como qualquer instrumento moderno feito para homem -, digitou a morada prevista e lá foi.
Errou os cálculos horários e quando chegou a casa ainda estava fechada. Tomou um café, fumou um ansioso cigarro (atenção que não é plágio, o Eça dizia “um pensativo cigarro”) e aguardou.
Foi o primeiro cliente, disse ao que vinha e a transacção fez-se.
Depois de uma primeira carícia, levou-a para casa e o amor deu-se.
Como qualquer funcionário que se prezasse, Bernardo passava os tempos mortos do seu emprego na net. Um dia, entre uma olhadela nos emails e uma página de conteúdo um tanto ou quanto erótico (vista pelo canto do olho, não fosse o diabo tecê-las e o patrão desse de caras) descobriu uma loura maravilhosa.
Tornou-se um vício descobri-la logo pelas manhãs. Adorava os seus olhos cor de mel, a sua expressão meiga, a postura elegante, altura, comprimento das pernas. Enfim, uma fêmea e peras!
Passou a sonhar com ela e, pouco a pouco, tornou-se uma obsessão. Tinha de a ter. Mas era cara, talvez demasiado cara.
Pensou nisso durante algum tempo, calculou os prós e os contras como bom contabilista que era e, por fim, decidiu-se. Amanhã.
No dia marcado, destilando expectativa, levantou-se cedo. Preparou-se o melhor que pôde e que o seu corpo permitia (sim, porque a primeira impressão é demasiado importante para desperdiçar). Já no carro, ligou o GPS - que até comando tinha, como qualquer instrumento moderno feito para homem -, digitou a morada prevista e lá foi.
Errou os cálculos horários e quando chegou a casa ainda estava fechada. Tomou um café, fumou um ansioso cigarro (atenção que não é plágio, o Eça dizia “um pensativo cigarro”) e aguardou.
Foi o primeiro cliente, disse ao que vinha e a transacção fez-se.
Depois de uma primeira carícia, levou-a para casa e o amor deu-se.
Nota do narrador: Bernando comprou uma Golden Retriever.
2 comentários:
Esta de escolher a loira na internet, ir ter com ela com auxílio do GPS e depois "dar-se o amor", sabe-se lá com que novas tecnologias, fez-me lembrar outros tempos e uma outra situação.
Num qualquer hotel de beira de estrada, em Espanha, havia na mesa de cabeceira do quarto que me coube em sorte, uma Bíblia. Mais uma em mais um hotel. Nunca passei das primeiras 2 ou 3 páginas, mas ao longo da vida reli-as uma dúzia de vezes.
Mas, nessa noite, nesse quarto desse hotel, a Bíblia era o GPS "avant la lettre". Na 1ª página, prestava indicações preciosas, como esta informação "divina": "A miúda da recepção dá umas baldas".
Outros tempos, outras técnicas...
Não sei se és católico mas o papa diz que temos de seguir à risca os ensinamentos da bíbia. Cumprimentos à recepcionista.
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