domingo, 7 de março de 2010

A raça do alentejano



Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho....
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.

Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";
dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;
dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;
dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;
dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;
dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;
e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.

O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.
Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.
Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus:
nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.

Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?
Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que
«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».
E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?
Era um descanso...




Nota: recebido via email. Enviado por um quase minhoto casado com uma alentejana, que por acaso, sou eu.

8 comentários:

cantinhodacasa disse...

Belo texto, bela imagem.
Mas os alentejanos têm uma conversa!
Palavra de Minhota.


Beijinho

Eva Gonçalves disse...

Só quem nunca conheceu um Alentejano não o revê neste texto, :)beijinho

Calendas disse...

Como escrevi no final, o texto não é meu, mas faço-lhe uma vénia pq me revejo, lol.

maria teresa disse...

Ó Calendas! És cá uma sortuda do "caraças"! Tens tudo o que é bom! Vou meter-me num cantinho a chorar...de "inveja"!:):):)

Carapau disse...

Agora entendo certas coisas tuas! És alentejana!Nã tava nada a ver-te...
O que deixei escrito pretende ser um elogio, mas convém declará-lo aqui não vá haver confusões.
O boneco fez-me lembrar aquela velha anedota de alentejanos:
O pastor ao chegar à noite a casa do patrão:
-Patrão! O acamboio matou 10 ovelhas!
- Isso é falta de cuidado! Afinal estavas lá a fazer o quê?
- Olhe patrão. Nã se zangue que muita sorte teve o patrão: o combóio vinha de bico. Se vem atravessado matava o rebanho todo!

(E pela posição dele, até matava o pastor. Mas isto já sou eu a dizer fora da anedota).

Calendas disse...

Carapau, pos é moço, faltava-te informação!

Calendas disse...

Quando era pequenita e os meus colegas da escola primária descobriram que eu era alentejana, começaram a gozar comigo não sei bem a razão.
Chateada com aquilo fui para casa e disse à minha mãe. Ela aconselhou-me a que quando os coleguitas começassem a meter-se comigo eu lhes dissesse a seguinte cantilena:
"Nasci no Alentejo, por isso sou alentejana. Tenho orgulho e não invejo ser outra provinciana."

Claro que não resultou! (E mais tarde descobri que era a letra de uma canção do Paco Bandeira).

À falta de me lembrar de melhor deixa para os calar, comecei a responder que "paus e insultos podem-me ferir, mas insultos nunca me vão atingir" (frase maravilhosa que aprendi ao ver o "Pequeno Viking" na BD.

Calendas disse...

ao ver e ao ler o Pequeno Viking que depois tb dava na Tv. Saudades!