sábado, 13 de fevereiro de 2010

A propósito do Dia dos Namorados

- Se te queres casar, casa-te, não esperes é receber heranças minhas!
A conversa terminara assim, acrescentando-se apenas o ruído de uma porta ferozmente batida.
António ruminando despautérios que não teve coragem de proferir frente ao seu pai, dirigiu-se, a passos largos, para a aldeia.
-Que te disse ele? – perguntou Carolina, ansiosa.
-Que calculas? Que me deserdava se casasse contigo – respondeu ele, cabisbaixo.
- Deixa lá. Nem só de dinheiro vive o homem, retorquiu ela com voz apaziguadora.
Talvez a conversa se tenha passado assim, ou talvez não. Não estava lá para ver e apenas sei a versão que foi passando através da família.
O meu bisavô, filho de gente abastada, prendeu-se de amores por uma criada da casa. O romance não foi aceite e ele foi impedido de casar com a pretendida, sob pena de ser deserdado se o fizesse.
Apesar desse namoro ter nascido um filho, apenas se casou com a minha bisavó depois do meu trisavô ter morrido.
Dizem que a História é cíclica, neste caso parece que o foi. O meu avô também se prendeu de amores com uma criada da casa. Mas não foi tal pai, tal filho, porque este teve mais coragem. Não lhe importaram os haveres e casou-se com a sua bela. Foi efectivamente deserdado, mas o outro irmão, mais tarde, decidiu repartir a herança equitativamente.
Foi por isso que o meu pai me colocou o apelido de Mendes, a que ele não teve direito e o pai também dele também não. Ao que parece foram filhos só de mulheres!

5 comentários:

maria teresa disse...

E eu a pensar que a minha família é que tinha uma "tara" com as ligações conjugais...
Serás minha sobrinha, prima, tia ou afim?

Calendas disse...

Gostaria muito mesmo.

cantinhodacasa disse...

Que eu saiba a minha não teve disso, mas daquilo que sabemos pelos escritos dos nossos grandes escritores...
Calendas, o seu blog está uma doçura.

Adorei.


Beijinho

Carapau disse...

Também um meu bisavô teve um filho com uma empregada lá da casa (ele era viúvo com 4 filhos, nessa época). Neste caso ele propôs-lhe casamento, ela contou 1-2-3-4-5-6-7 (apontando para a barriga) e disse "não, obrigada"!
E não aceitou mesmo. O mais curioso é que os filhos desse meu bisavô (no total 8, pois voltou a casar e teve outros 4), sempre trataram o irmão "bastardo" por primo, sabendo que era irmão e este "primo" era a pessoa mais conceituada da família. Mais tarde foi padrinho do meu Pai.
Coisas da vida...

Calendas disse...

Olá, bem-vindos Cantinho e Carapau.

Cantinho, obrigada.

Carapau, a história ainda segue. Aguarda.