quinta-feira, 29 de abril de 2010

Selos; Sê-los; Celos (ciúme em espanhol)

Vou-me deixar de esquisitices e aceitar os selos que, graciosamente, me ofereceram. Os que me conhecem de blogues anteriores sabem que normalmente não entro nesta corrente dos selinhos, mas hoje devo estar num dia mesmo bom.

Ora o primeiro selo veio da AVOGI (e as pulgas). Ora diz ela que este blogue é muito foto. Bom há gente assim, com gosto estranhos, mas "prontos", cada um come do que gosta.




Como não há bela sem senão, sim, porque isto afinal não é de forma graciosa, parece que havia as seguintes exigências:

1 - Colar o selinho no blogue.

2 - Citar as 3 lembranças mais fofas da minha infância.

3- Indicar seis blogues fofos.

Bem, relativamente à primeira exigência, quero aqui deixar expresso que me custou muito satisfazê-la. Primeiro não sabia que cola usar para colar o dito cujo, pensei em super cola 3 mas achei que podia correr o risco de nunca mais sair. Pretendi optar pela cola UHU, por temer um possível arrependimento na colagem, mas não encontrei o raio da cola em casa. Depois de muito pensar, decidi colar à moda antiga, com cuspo, pois então. Pronto, tá colado!

2 - Relativamente à lembrança mais fofa... está aqui um caso sério... lembro-me da almofada, do cobertor, do cachecol vermelho... do casaco felpudinho...

Se calhar não era esta a lembrança que se pretendia. Vou pensar de novo...

Ah, o colo da mamã, o cheirinho do pão feito pela avó materna e a minha chupeta (lembro-me de a encontrar aos seis anos e pregar-lhe umas valentes e saudosas chupadelas).

3 - E agora os famigerados donos dos blogues fofos. Ora deixa cá ver...

Red Nails (sim, porque ela adora selos e é tão fofinha, lol)
Cantinho da Casa (pela paciência em vir cá de vez em quando)
Beijinhos Embrulhados (já que estamos numa de troca de galhardetes)
Carapau (ainda que me vá rogar três pragas, mas as pragas dele não assustam ninguém)
AVOGI (porque está de castigo, obviamente)

E pronto, ainda que não sejam os 6 pretendidos, não desejo assim tanto mal ao restante pessoal que me visita.


O segundo selo veio no correio da Teresa dos Beijinhos Embrulhados. Diz ela que eu sou um exemplo para ela. Tadinha, é por isso que ela é assim. Pudera, com exemplos destes!





Bom, estou de acordo com isso de ser guerreira. No meu nome, que consta de quatro apelidos, os do meio são Guerreiro de Jesus. Creio, portanto, que andei na Guerra Santa, por isso está bem!

Mais uma vez havia umas tantas regras para cumprir:

1 - citar dois defeitos
2 - citar duas qualidades
3 - indicar uma música que seja ou esteja a ser a trilha sonora da minha vida
4 - uma frase que eu use como mantra.
5 - indicar seis bloguistas.


Quanto aos defeitos, depois de muito pensar e repensar, e não ter achado nenhum, decidi que tenho apenas uns defeitinhos: podia ser ainda mais bonita e jeitosa.
Qualidades, ai sinhor, tenho tantos predicados que nem sei. Pronto, modéstia à parte, faço crochet muito bem e pinto maravilhosamente (nem sei como não abro uma loja!).
Relativamente à questão da música, estou indecisa entre as imensas do saudoso Zé Cabra e as do Tone Carreira. Acho que fico mesmo com o José Cid, embora os santos da casa não façam milagres (mora a 2 km da minha pessoa) na sua "Nasci para a música".
Eu não uso mantras, uso mantas, lençóis, fronhas e quando estou mais moderna, um edredon. Por isso deve ser erro de quem inventou este selo pedir isto da tal mantra.
Quanto aos bloguistas, que agarre o selo quem o quiser, mas o mais certo é que fujam dele a sete pés.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

O pesadelo

Recebido via email.


No pesadelo, acordo, olho-me no espelho e descubro que sou vesgo. Procuro freneticamente nos bolsos, para ver minha fotografia no Bilhete de Identidade, para ver se sou realmente aquele. Acho um passaporte e descubro.... sou italiano...
Não pode ser, meu Deus!!!
Sento-me inconsolável numa cadeira. Mas não é possível!! É uma cadeira de rodas, o que significa que, além de ser vesgo e italiano, sou também deficiente físico!
É impossível, digo para mim mesmo, que eu seja vesgo, italiano e deficiente físico...
- 'Amoooooor!', grita uma voz atrás de mim. É o meu namorado.. Porra! Sou também maricas...!
- 'Foi você que usou a minha seringa?'
Ó Deus! Vesgo, italiano, deficiente físico, maricas e se calhar seropositivo!
Desesperado, começo a gritar, a chorar, a arrancar os cabelos E...
... Nãooo!!!!!
Sou careca!
Toca o telefone. É meu irmão, que diz:
- 'Desde que nossos pais morreram, tu não fazes outra coisa que não seja entupires-te de drogas e vagabundeares os dias inteiros! Procura um emprego, arranja algum trabalho!'
Que merda, descubro que também sou desempregado!!!
Tento explicar ao meu irmão que é difícil encontrar trabalho quando se é vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca e órfão, mas não consigo, porque....
Porque sou gago!!!!
Transtornado, desligo o telefone, com a única mão que tenho, e com lágrimas nos olhos, vou até a janela olhar a paisagem. Milhões de barracas ao meu redor...
Sinto uma punhalada no pace-maker: além de vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca, órfão, gago, desempregado, maneta e cardíaco, vivo também numa barraca...
Começo a ficar indisposto e a sentir um calafrio dirijo-me ao guarda-fato para apanhar um casaco, e para minha surpresa, quando abro a gaveta encontro uma camisa do...Sport Lisboa e Benfica.
Aí já é sacanagem...
Entro em desespero, pois além de vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca, órfão, gago, desempregado, maneta, cardíaco, vivo também numa barraca... e... Sou adepto do Benfica?
Puta que pariu!!!!
Nesse momento, o meu namorado regressa e diz:

- "Amooooooor ! vamos, senão chegaremos atrasados ao Conselho Nacional do Partido Socialista".


Desmaiei.....

sábado, 24 de abril de 2010

Perdoai-nos senhor

A traição é, provavelmente, um dos grandes dramas dos relacionamentos. Além de enfeitar, de forma mais ou menos bucólica, o frontispício de cada um, serve também como musa para diversas modalidades artísticas, todas elas ao melhor estilo da “dor de cotovelo”.

Segundo os estudiosos, a infidelidade conjugal pode ser classificada segundo três tipos:

- a traição como afirmação da feminilidade ou da masculinidade. Creio que será o caso dos traidores compulsivos que a todo o momento conquistam e descartam.

- a traição como desejo de novidade para vencer o tédio do casamento. Quanto a este campo, acrescento que já ouvi dizer que “Novidades só no Continente”, por isso o resto do território está livre de perigo.

- a traição como insatisfação afectiva. A senhora D. Madame Bovary do Flaubert já devia sofrer deste síndroma porque andava lá às voltas com uma tal duma insatisfação, que a compelia na busca de um amor romântico que não existia em parte nenhuma. Mas a senhora D. Madame era uma mulher de garra e não desistia de encontrar o seu gral.

Diz-se também por aí que se uma mulher quiser, será muito difícil a um homem resistir-lhe. Será? Acho esta afirmação demasiado forte, porque me parece que um homem não é apenas um pénis, ainda que essa parte anatómica ocupe demasiado espaço nas ligações sinápticas do seu cérebro.

De qualquer maneira, a traição é sempre deflagradora de sentimentos desagradáveis. Tiro o chapéu a quem consegue fazer deste amargo de boca, um limão e do limão uma limonada e depois engoli-la com muito gelo e açúcar.

Momentos

A vida é feita de momentos, alguns guardamo-los toda uma vida. Há também outros de parca importância que rapidamente passam a murmúrios no nosso cérebro e desaparecem.

Um momento marcou a minha tarde e acabo de me aperceber que me tem ensombrado o espírito durante as últimas horas.

Algumas palavras trocadas num chat na internet geraram a confusão. É curioso como a palavra escrita pode ser poderosa e facilmente assumida, verosímil, e outras vezes tão frágil e desprovida de força. Reagimos às palavras, interpretamo-las de forma inconsciente até formarem alguma sequência de sentidos que facilmente imaginamos serem proferidos pelo nosso interlocutor. Algumas são banais e tão pouco nos afectam que rapidamente as esquecemos. Outras tocam-nos profundamente e gravamo-las religiosamente no nosso ser para delas nos voltarmos a servir. E voltamos a ouvi-las na nossa cabeça como se tivessem sido proferidas há instantes.

As palavras, que hoje proferi, transformaram-se pela rede, tendo afectado o meu interlocutor de uma forma que não era intencional. O mal entendido ficou esclarecido, mas as sensações, inconscientemente e involuntariamente provocadas, ficaram. Não há forma de apagar esses momentos, por muito breves que tenham sido e por muito bem esclarecida que tenha sido a situação.

Tratou-se apenas de uma confusão mas tal desencontro provocou sensações contraditórias, mesmo que durante alguns instantes apenas.

Outros momentos colocarão este em algum recôndito e obscuro lugar do nosso cérebro.

Mudanças

Seguramente que os que me visitam já não estranham as modificações a que este blogue está sujeito. Muda de roupa e de nome consoante a música dos meus passos que, neste momento, andam incertos por aí. Andarão, também, por aqui, outros passos que não os meus, mas que a mim (a nós) me (nos) acompanharão nesta caminhada momentânea que é a vida.
Novos momentos se avizinham, os momentos do LIPES.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Há gostos para tudo


Corria o ano de 1982, quando, devido ao trabalho dos meus pais, tivemos de mudar do Carregado para a Curia.

Quis o destino que eles alugassem casa aos que, posteriormente, viriam a ser os meus sogros. Estão a ver a festa, no andar de cima morava o que, mais tarde, iria ser o meu mais que tudo. No andar de baixo, morava a que, mais tarde, iria ser o mais que tudo dele. Mas este texto não reza sobre essa história, que deixarei para outra altura.

Os meus pais são originários do sul de Portugal, um do Algarve e outro do Alentejo, como tal têm alguns costumes diferentes dos da gente daqui, os bairradinos.

Nesta zona os caracóis abundavam porque apenas serviam de bucólico enfeite para as couves e demais seres amantes da fotossíntese. Um dia, depois de uma copiosa chuvada outonal, os ditos resolveram fazer uma maratona pela estrada fora. Eu e os meus pais, fanáticos e ambiciosos recolectores dessa espécie, metemos mãos à obra e apanhamos umas valentes sacadas. Depois da devida depuração, a minha mãe preparou o pitéu, montamos a mesa na pátio e fizemos um festim que até “mandava ventarolas”. Nesse entretanto, chegaram umas visitas para o andar de cima que, de soslaio, nos olharam muito espantadas. No dia seguinte corria pela aldeia inteira que os novos habitantes deviam ser muito pobrezinhos porque até caracóis comiam.

De uma outra vez, a propósito de um arranjo num armário da cozinha, mandou-se chamar um carpinteiro. Calhou chegar o profissional quando a minha mãe, diligentemente, preparava umas migas à moda do Alentejo. Pergunta ele:
- Vizinha, está a fazer comidinha para os cães?
- Estou, vizinho -responde ela, sorrindo.
-Os seus cães são uns sortudos – acrescenta ele – é que essa comidinha cheira mesmo bem!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O meu menino homem

Posted by Picasa



Hoje, Maria Teresa, o que escrevo é verdade.


Estou triste, cansada, desiludida. Hoje o meu menino homem teve um ataque epiléptico. Depois de um estrondo, fui dar com ele estendido no chão, a cadela ladrando desesperada, e o meu menino convulsionando e lutando inconscientemente contra a falta de ar. E eu impotente, sempre impotente. Antes cabia-me nos braços, hoje sou eu quem cabe nos braços dele. Antes pegava-lhe ao colo e deitava-o confortavelmente numa cama, hoje, só lhe pude amparar a cabeça, impedindo que se magoasse mais.


O meu menino nasceu bonito e de aspecto saudável. Eu, com 21 anos, desejei-o, escolhi-lhe o nome e planeei-lhe toda uma vida. Pouco meses depois, surgiram os primeiros sintomas de que algo estava mal. Seguiram-se anos de diagnósticos furados, muitos medicamentos errados e sonhos frustrados.


Na escola, o meu menino não lia, o meu menino não aprendia, mas era feliz, brincava e sorria. Hoje, com quase 23 anos, o meu menino homem podia ser qualquer coisa, talvez músico, talvez engenheiro (adivinhando-lhe os gostos). Hoje, o meu menino homem, pede-me que lhe arranje uma namorada loura, joga playstation e vê futebol.

Hoje o meu menino homem é autónomo nas coisas básicas, mas não sabe atravessar a estrada.
Hoje o meu menino homem depende de mim, amanhã será das irmãs.

Amanhã não estarei cá, mas ele sim e não perceberá porque o abandonou a mãe.

domingo, 18 de abril de 2010

Composições

Este texto vem a propósito de um post da Maria Teresa, a quem prometi uma explicação que não cabia num comentário.
Na Escola Primária não me lembro de fazer composições acerca das estações do ano, férias e demais torturas. Não sei se não as fiz, ou se não me quero lembrar delas.
Lembro-me de fazer composições sobre “Se eu fosse uma nuvem…”; “Se eu fosse um comboio…”; “Se eu fosse uma gota de água”.

No 2º ciclo, lembro-me essencialmente de desenvolver e terminar histórias. O professor lia parte de um determinado texto e a nós competia-nos a tarefa de o desenvolver. Lembro-me de nos rirmos muito acerca das aventuras mirabolantes que nos saiam da pena e que depois eram lidas para a turma.

Do 3º ciclo, não me lembro de grande coisa. Lembro-me de só me apetecer escrever sobre ficção científica e de quando não tinha tempo para acabar o solicitado, escrever “continua no próximo episódio” como se de uma série se tratasse.

Fiz duas vezes o décimo ano, uma delas com 15 anos e outra com 27. Nesse nível de escolaridade, por caricato que pareça, tive o pior e o melhor professor de Português. A pior, a do meu primeiro 10º ano, chamava-se Branca, talvez pela esperança ou fulgor que os pais viam nela, porque para mim era muito Negra. Lembro-me que em Janeiro nos pediu uma composição subordinada ao tema “A minha consoada”. Esmerei-me, sei que me esmerei e fiz uma composição onde da Consoada apenas aproveitei a data. Passados todos estes anos ainda me recordo que a história estava relacionada com alguém que não pôde ir passar a consoada com quem desejava porque foi surpreendido no caminho por espíritos, lobisomens e demais “sobrenaturalidades”.

Quando recebi a composição, vi, escarrapachadinho, assinadinho e tudo, um valente de um oito. Oito, porquê?, interroguei-me nada habituada a estas lides. Perguntei-lhe a razão e a professora disse-me que não tinha pedido um tema livre e que eu não tinha respeitado o tema. Respondi-lhe que, do meu ponto de vista, tinha cumprido o tema, só não me tinha era apetecido falar em filhoses e bacalhau. E que como não tinha incorrecções achava muito injusta a classificação obtida. O mais que consegui foi que me desse 10, a mim, eu, je, a precursora da Saga Vampiresca agora tão em voga.

De qualquer maneira esse foi um ano para esquecer, qual Midas, a senhora conseguia tornar tudo em que tocava intragável. Espero que já algum dia lhe tenham dito, ou que já tenha aprendido por si própria, que se os alunos GOSTAREM, APRENDEM. Está no ofício do professor o despoletar desse gosto.

sábado, 17 de abril de 2010

(Ainda) Meu amor

Lembras-te de quando me tocavas com os lábios molhados e quentes o ouvido e me sussurravas amor eterno? Lembras-te quando, pelas manhãs, me atiravas um beijo desde a porta do quarto e me dizias até logo, piscando-me o olho e prometendo-me o delírio? Lembras-te quando me dizias que eu era a única, aquela, a tal, a insubstituível? Lembras-te?

Lembras-te do dia em que deixaste de me atirar o beijo matutino? Lembras-te da última vez da tua pele ansiando pela minha? Lembras-te de te esqueceres de mim?

Lembro-me do dia em que chegaste mais cedo e eu, crente, pensei que vinhas por mim. Enrolaste apressadamente a vida de nós numa mala pequena e foste-te, não me deixando mais do que a tua intacta lembrança.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Contagem (depois da meia noite) crescente




Há quarenta e quatro anos, ao invés de uma estrela especial, uma valente trovoada anunciou a chegada de uma bebé magricela e chorona.

Essa ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona decidiu que hoje seria o último dia em que inspiraria, por seu livre arbítrio, benzeno, nitrosaminas, formaldeído e cianeto de hidrogénio.

Além dos 22 anos em cada perna que já detém, a ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona, decidiu que também queria ter a mesma quantia em cada braço. Posto isto decidiu submeter-se, desta vez, a uma contagem crescente, contando, daqui adiante, os dias em que essas substâncias estiverem ausentes.

E que as boas intenções não as levem os ventos! (e assim a ajudem os amigos da ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona, incutindo-lhe responsabilidade, força de vontade e coragem. Ela conta também com eles.)


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Caminhada em Sever do Vouga (Silva Escura)

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Euzinha, que costumo andar muito... de carro... e que a pé não dou mais do que os passos necessários para entrar no dito, decidi-me a arrastar a família e uma amiga para uma caminhada de 10,5 que acabaram por ser quase 13 QUILÓMETROS (o uso de maiúsculas deve-se ao facto de me terem parecido quilómetros muito grandes, por isso acho que se fossem medidos por mim, seriam, no mínimo, uns 25).

Ah pois! Às 10 da matina lá estávamos nós, no lugar acordado, munidos de "armas" (aguinha e paparoca) e bagagens, esperando pelos demais convivas. Pouco depois lá seguimos (tardiamente para o dia de sol que estava) e palmilhamos aquela serra danada, que parecia não ter fim.

No entanto, embora principiantes no desporto, conseguimos fazer os terroríficos quilómetros todinhos, sem direito a chamadas aos bombeiros, helicóptero de inem ou empurrões dos parceiros, mas com os bofes a saírem pela boquita em larga escala.

Hoje doi-me da pontinha do dedito grande do pé até às nádegas. (Esqueçam, esta parte não era para referir).
Hoje estou como se nada fosse e estou até a pensar em convidar a minha amiga para irmos dar uma voltinha ao Bussaco. Uma passeata ligeira de 20 km, mais coisa, menos coisa. As pernas o dirão!



sexta-feira, 9 de abril de 2010

Certas profundidades destes degraus

Hoje ao escrever um comentário acerca da Margarida Rebelo Pinto, saiu-me esta profundíssima frase:

Mais vale ler merda que não ler merda nenhuma.

E não é que é verdade?! Ao menos desenvolvemos o sentido crítico.

Da mesma forma este filosófico pensamento é válido para a escrita. Mais vale escrever merdas sem jeito que não escrever merdas nenhumas. É isso que aqui faço. Ao menos consulto o dicionário de vez em quando!


PS. Esquecia-me de dizer que faltam só 4.

Alberto, o descorçoado

A pedido de muitas famílias, aqui vai a triste história do Alberto, o vizinho da Idália (da Redzinha) depois do episódio das rosas encarniçadas.


Retirou da parede do quarto, com sumo cuidado, todas as fotos de Idália que, durante anos, lhe tinha tirado à socapa.

Embalou todos os objectos e envolveu meticulosamente as mobílias más frágeis com plástico de bolhas. Sentou-se no sofá e ligou à transportadora para, mais uma vez, conferir a hora da mudança.

Olhou, pela enésima vez, pela janela da sala esperando vê-la deslocar-se pela sua casa seminua, como era seu hábito. Nem um vislumbre da sua pessoa. Está na casa do gajo das rosas encarniçadas, pensou enraivecido. Parva de merda.

Procurou saber de cor tudo o que não queria esquecer, o seu rosto, o seu jeito agreste, a forma como mordia o lábio, o peito alto, o porte elegante a jeito de bailarina. Guardou na memória também a casa, a sala que via da sua, a roupa que esvoaçava no estendal, o cão irritante que, de dia, morava na varanda.

Sentiu remorsos das vezes que não a convidou para sair, das tantas vezes que se queixou das rosas oferecidas por outrem, mas não lhe ofereceu nenhumas, das vezes que se queixou do latir guinchado do cão.

Ouviu o toque da campainha anunciando a chegada dos homens da mudança e sentiu remorsos mas escolheu partir.

Carta a nós

Querida Teresa

Dizes-me tu, na tua última carta, que vais, por auto-gestão, tentando adentrar-te na escrita ficcionada. Desculpas-te, acrescentas que a tua formação está longe de ser de Letras e referes que tiveste péssimos professores de português. Dizes-me que já pensaste em inscrever-te num curso de escrita criativa mas, nesta altura da tua vida, a ideia de horários fixos agonia-te.

Eu, nem disso posso fazer desculpa. Sou de Letras e tive meia dúzia de professores excelentes, quatro dos quais de português ou de disciplinas relacionadas.

Comecei bem, do segundo ciclo lembro-me de um professor fabuloso chamado Mário Calçada. Gostei tanto dele que ainda hoje, passados tantos anos, lhe recordo o nome, a cara e algumas das aulas. Procurei-o, inclusive, no “Cara de Livro” mas, infelizmente, não o encontrei.

Mais tarde, já no 10º ano, tive outro professor de quem guardo excelentes recordações, Joaquim Jorge Carvalho.

Na universidade tive uma professora também de se tirar o chapéu, Ana Paula Arnault, que nos orientava nos meandros da Literatura Portuguesa I (contemporânea). Tive também o prazer de conhecer Camões, Gil Vicente e outros amigalhaços, pela mão de outro professor de excelência, Cardoso Bernardes.

O que tornava estes professores diferentes dos outros, não era a sua superior formação académica, era a forma como nos conseguiam transportar para dentro da literatura. Era o facto de trazerem a alma consigo, diferença colossal entre fazer as coisas por gosto ou por obrigação.

Nenhum destes professores de que falo me ensinou as técnicas da escrita criativa. O que estes professores conseguiram foi transmitir-me o gosto que sentiam pela literatura. Obrigada Caríssimos Senhores Professores.

Maria Teresa, não tendo tu o prazer e a sorte de teres tido professores destes, o teu auto didactismo é genial. Tiro-te também o chapéu e crê que teria gostado de ter sido tua aluna. Seguramente.

Até breve e espero notícias tuas.
Beijinhos (embrulhados ou não).

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Faltam 5

Começa agora a contagem decrescente.