Enfim, tenho saudades de vós e, portanto, declaro abertas as hostilidades! Vamos lá ver se isto vive!
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Declaram-se abertas as hostilidades!
Enfim, tenho saudades de vós e, portanto, declaro abertas as hostilidades! Vamos lá ver se isto vive!
sábado, 24 de novembro de 2012
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Eu, ela e nós.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Eu, em tempos dinossáuricos...
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A minha avó num tubo de creme
A minha avó nasceu 11 anos antes da criação deste creme. Apesar disso, este creme não seria a mesma coisa sem a minha avó dentro dele.
Recentemente a marca voltou a relançar o produto e eu comprei-o porque me lembrava ela. Desde então, os três cumprimos juntos um ritual meticuloso: eu esfrego-o em mim, ele cheira-me a ela e ela sorri-me.
E por momentos somos imensamente felizes.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Nice to meet you
Hoje, sou todas as lembranças que ainda não tive de ti.
Muito prazer em conhecer-te, miúda.
NOTA: o blogue termina, propositadamente, com esta publicação. Foi um prazer conhecer-vos e partilhar convosco tantos pedacinhos de mim.
sábado, 10 de julho de 2010
Dançamos?
terça-feira, 6 de julho de 2010
Não mais voltarei a amar
Como se fora um álbum, recordou as fotos das emoções bonitas que vivera. A vida correra-lhe a gosto. Amei e amaram-me muito. Não preciso de mais – constatou.
Mas porquê esta luxúria oculta que teima em subir por mim e se abriga, ainda, neste corpo gasto. Porquê esta vontade de vida? – perguntou-se.
Às vezes, nas noites mais solitárias, imaginava um roçar breve no pescoço, uma carícia ousada nas virilhas, um corpo quente junto a si e desejava que um homem lhe desbravasse as montanhas, secasse os rios, abrisse os mares e navegasse com ela.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Adeus
No blogue da Blimunda intuíram-se caracteres, revelaram-se temperamentos, desconhecidos tornaram-se amigos e estabeleceram-se cumplicidades.
Um dia, Blimunda cansou-se da espera e do blogue. Levando nos olhos a verdade e a essência das coisas, entrou na passarola e percorreu os céus, procurando Baltasar.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Viver despenteada
O mundo é louco, definitivamente louco...
O que é bom, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o rosto, enruga.
E o que é realmente bom nesta vida, despenteia...
Fazer amor - despenteia
Nadar - despenteia
Pular - despenteia.
Tirar a roupa - despenteia.
Brincar - despenteia.
Dançar - despenteia.
Dormir - despenteia.
Beijar com ardor - despenteia.
É a lei da vida: Vai estar sempre mais despenteada a mulher que decide
andar na montanha russa, que aquela que decide não subir.
Por isso, a minha recomendação a todas as mulheres: entrega-te, come
coisas gostosas, beija, abraça, dança, apaixona-te, relaxa, viaja,
salta, dorme tarde, acorda cedo, corre, voa, canta, arranja-te para
ficares linda, arranja-te para ficares confortável, admira a paisagem,
aproveita, e acima de tudo: deixa a vida despentear-te!!!!
O pior que pode acontecer é que precises de te pentear de novo...
Nota: tenho cá uma certa impressão que corrigir exames nacionais também despenteia. Deve ser de tanta vez pôr as mãos à cabeça!!
Recebido via email.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Chocante
Depois desta mensagem, 40% da população da Inglaterra, deixou de usar drogas e de consumir álcool pelo menos nas datas comemorativas. Nós ainda não temos este tipo de iniciativa aqui em Portugal, mas temos os mesmos assassinos à solta.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Para terminar
Caríssimo Carapau
Foram sete meses certinhos, sem (literalmente) tirar nem pôr. Vim de lá de todas as cores e com mais do dobro do tamanho. Por todo o lado para onde me virava, havia sempre algo que me impedia o alívio. Não querendo incumprir o estabelecido e correr o risco de ser comparada ao povo Camussumbe, até consultei um afamado médico, procurando uma solução para o meu problema.
Depois de muita investigação, disse-me que nada podia fazer por mim. Ainda se fosse uma doênça na bichiga... mas não era e ele, essas partes do corpo não tratava.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
Proibido "arriar o calhau"
Ainda que devidamente avisados, com placares afixados em árvores, paredes, postes e outros sítios bem visíveis, parece que o pessoal continuava a prevaricar, obrigando os donos de alguns terrenos, que não gostam deste adubo ecológico, a optar por métodos mais dissuasores.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Acerca da diferença
“o meu filho é a melhor coisa que me aconteceu e, se me dessem a escolher, não quereria ter outro”, referindo-se ao seu filho portador do síndroma de asperger, um dos muitos géneros de autismo.
Já eu, mais inconformada, não vejo as coisas dessa maneira. No meu ponto de vista, a chegada de uma criança deficiente é sempre uma experiência traumática, susceptível de alterar o estado emocional dos membros da família. Num primeiro momento, a família vivencia um estado de perda ou “morte”, já que a expectativa do nascimento do bebé idealizado é desmanchada pelo encontro com o bebé real. Esse momento é recheado por sentimentos de tristeza, decepção, inferioridade e revolta, levando a família a uma incompreensão da situação vivida.
A partir daí torna-se necessário, para que se possa aceitar o filho real, viver o processo de luto por aquele filho “perdido”. Dependendo de cada um, das suas próprias contingências individuais e familiares, este estado pode estender-se por muito tempo. Quando, por fim, se aceita o inevitável, a família é lançada para um mundo de incertezas e inseguranças. Depara-se com o impacto da rejeição das pessoas com relação à deficiência do seu filho e sofre com a curiosidade manifestada pelos olhares, comentários e atitudes, apercebendo-se que a sociedade não aceita e não oferece espaço ao diferente. Vivencia a culpa por ter gerado uma criança deficiente e também pelos sentimentos e atitudes de rejeição para com esse filho.
Ainda voltando à citação da mãe que refiro no inicio do texto, se há aspectos positivos na situação, eu não os consigo ver. Não trocaria o meu filho, porque é meu, faz parte de mim e gosto dele. Mas, contrariamente à outra mãe, não foi a melhor coisa que me aconteceu e, se me dessem a escolher, querê-lo-ia, sim a ele, mas, pelo bem de todos, de uma outra maneira.
sábado, 22 de maio de 2010
«Deus quer, o homem sonha, a obra nasce»
Neste momento, tenho um amigo a percorrer África, de bicicleta. O seu sonho é fazer os cerca de 6000 km que distam entre Luanda – Maputo. Como companhia leva apenas a sua dose de loucura, um ipod, uma máquina fotográfica, 25 kg de artigos de primeira necessidade e, claro, a bicicleta.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
I like the way you move
Esta senhora, apesar de ser já SEMINOVA, move-se com tal elegância, graça e ligeireza que me ponho a pensar como seria ela quando era MESMONOVA.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Beijos, avó
Era uma mulher expedita, rápida nas contas e com bom olho para o negócio. Um dia, notando-lhe algum desassossego de alma, perguntei:
- Esta herdade é grande, mas eu sou maior do que ela - respondeu-me.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Ad eternum
Ainda que tentasse ler devagarinho, quase sempre a leitura acabava na segunda semana. Depois começava o suplício.
Nenhum dos meus avós tinha luz eléctrica, embora ambos tivessem televisão. No entanto, a caixinha mágica, por funcionar a bateria, e por as baterias serem de consumo rápido e de difícil transporte, era um bem que apenas servia para ver o telejornal, programa que pouco ou nada me interessava.
Nos dias depois dos livros, as horas corriam sempre demasiado devagarinho. Procurava dribla-las apanhando malmequeres; comendo romãs e, simultaneamente, fazendo apostas comigo mesma sobre a inevitabilidade de deixar, ou não, cair os bagos; procurando nos céus seres alienígenas e no desenho das nuvens as figuras mitológicas que conhecia. E durante todo o tempo do tempo, imaginava a diferença entre ter ou não ter um irmão. E o tempo, rindo-se de mim, tardava ainda mais as suas lides.
Depois do tempo dos livros, o Alentejo convertia-se em desassossego, em solidão, em saudade dos amigos, em desespero por voltar à civilização. Detestava-o.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Manutenção
Há gajos que nascem sem sorte! Esta Calendas obriga-me a vir à casa dela, regar-lhe as flores, dar comer ao cão, ao gato, ao periquito, enquanto se diverte no bem bom. Logo a mim, que mal me posso mexer debaixo de tanta alergia e que corro o risco de asfixiar debaixo desta nuvem de cinzas. Não vá ela reclamar e ainda ter de a ouvir, já lhe apanhei as alfaces todas, lavei-as e meti-as no frigorífico. Sim, porque conhecendo-a como a conheço, ainda me ia obrigar a escová-las todinhas se lhes topasse uma partícula de cinza. Raios parta a mulher!
À vinda para cá, passei numa drogaria e comprei uma máscara para me proteger contra as manhosas das cinzas, mas não sei se será eficaz. Nas indicações só se falava em gás mostarda e pimenta, em cinzas nada.
De qualquer maneira, ainda gostava de saber quem é que autorizou à tal da nuvem o acesso ao MEU espaço aéreo.
E olhe lá, ò Sr. Eyjafjallajökull, tome qualquer coisinha porque isto de estar sempre a vomitar e a arrotar tem que se lhe diga.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Vacances
Quando chegar, espero ainda ter gato, cão e demais criação. Espero também ter ainda o sofazito para recuperar da viagem.
Inté
domingo, 2 de maio de 2010
Impressões sofarianas
Punha mais uma almofada...
Esticava mais as pernas...
Batia uma sorna com mais estilo, mas não vá ele chegar e apanhar-me a roncar...
Afinal o Lipes fica com o lugar para quê?
Nunca se senta...
Será que sou demasiado espaçosa?
Vou pôr uma almofada no lugar dele... sempre dá para pôr os pés... se ele chegar de repente dou-lhe um pontapé (à almofada, claro) e finjo que não é nada comigo.
sábado, 1 de maio de 2010
Que seca
Apenas duas pessoas deveriam ter o meu número, porque apenas a essas lho comuniquei. Parece que os senhores da PT não pensam assim e além de me telefonarem por dá cá aquela palha, fornecem o meu número a meio Portugal!
Recebo chamadas da PT a perguntar se estou contente com o serviço. Recebo chamadas de empresas de crédito a "oferecerem-me" cartões. Recebo chamadas do Manelito mais velho a propósito de nada. Recebo chamadas que não quero e que não solicitei. Já pensei até em colocar aquele autocolante que diz "Publicidade não" no telefone, mas pareceu-me que eles não o iam ver. De qualquer maneira, estou farta!
A partir de agora atenderei assim e pode ser que me larguem a braguilha:
- trim, trim.
- Istoou.
- Bom dia, posso falar com...
- A minha sinhora nã tá.
- Ai não, que pena. Quando é que posso voltar a telefonar?
- Nã sê, a sinhora tá a modus qui num barco, chamado nã sê quê, a fazeri uma excursão.
- Mas não sabe quando volta?
- A minha sinhora nã me conta assim a vida toda dela e eu tamém nã pregunto. E olhi, tenho que ir esfrigar as panelas, q'ela gosta de tudo a leziri, por isso tenha uma munto boa tarde.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Selos; Sê-los; Celos (ciúme em espanhol)
Ora o primeiro selo veio da AVOGI (e as pulgas). Ora diz ela que este blogue é muito foto. Bom há gente assim, com gosto estranhos, mas "prontos", cada um come do que gosta.
Como não há bela sem senão, sim, porque isto afinal não é de forma graciosa, parece que havia as seguintes exigências:
1 - Colar o selinho no blogue.
2 - Citar as 3 lembranças mais fofas da minha infância.
3- Indicar seis blogues fofos.
Bem, relativamente à primeira exigência, quero aqui deixar expresso que me custou muito satisfazê-la. Primeiro não sabia que cola usar para colar o dito cujo, pensei em super cola 3 mas achei que podia correr o risco de nunca mais sair. Pretendi optar pela cola UHU, por temer um possível arrependimento na colagem, mas não encontrei o raio da cola em casa. Depois de muito pensar, decidi colar à moda antiga, com cuspo, pois então. Pronto, tá colado!
2 - Relativamente à lembrança mais fofa... está aqui um caso sério... lembro-me da almofada, do cobertor, do cachecol vermelho... do casaco felpudinho...Se calhar não era esta a lembrança que se pretendia. Vou pensar de novo...
Ah, o colo da mamã, o cheirinho do pão feito pela avó materna e a minha chupeta (lembro-me de a encontrar aos seis anos e pregar-lhe umas valentes e saudosas chupadelas).
3 - E agora os famigerados donos dos blogues fofos. Ora deixa cá ver...
Red Nails (sim, porque ela adora selos e é tão fofinha, lol)Cantinho da Casa (pela paciência em vir cá de vez em quando)
Beijinhos Embrulhados (já que estamos numa de troca de galhardetes)
Carapau (ainda que me vá rogar três pragas, mas as pragas dele não assustam ninguém)
AVOGI (porque está de castigo, obviamente)
E pronto, ainda que não sejam os 6 pretendidos, não desejo assim tanto mal ao restante pessoal que me visita.
O segundo selo veio no correio da Teresa dos Beijinhos Embrulhados. Diz ela que eu sou um exemplo para ela. Tadinha, é por isso que ela é assim. Pudera, com exemplos destes!
Mais uma vez havia umas tantas regras para cumprir:
1 - citar dois defeitos
2 - citar duas qualidades
3 - indicar uma música que seja ou esteja a ser a trilha sonora da minha vida
Quanto aos defeitos, depois de muito pensar e repensar, e não ter achado nenhum, decidi que tenho apenas uns defeitinhos: podia ser ainda mais bonita e jeitosa.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
O pesadelo
No pesadelo, acordo, olho-me no espelho e descubro que sou vesgo. Procuro freneticamente nos bolsos, para ver minha fotografia no Bilhete de Identidade, para ver se sou realmente aquele. Acho um passaporte e descubro.... sou italiano...
Não pode ser, meu Deus!!!
Sento-me inconsolável numa cadeira. Mas não é possível!! É uma cadeira de rodas, o que significa que, além de ser vesgo e italiano, sou também deficiente físico!
É impossível, digo para mim mesmo, que eu seja vesgo, italiano e deficiente físico...
- 'Amoooooor!', grita uma voz atrás de mim. É o meu namorado.. Porra! Sou também maricas...!
- 'Foi você que usou a minha seringa?'
Ó Deus! Vesgo, italiano, deficiente físico, maricas e se calhar seropositivo!
Desesperado, começo a gritar, a chorar, a arrancar os cabelos E...
... Nãooo!!!!!
Sou careca!
Toca o telefone. É meu irmão, que diz:
- 'Desde que nossos pais morreram, tu não fazes outra coisa que não seja entupires-te de drogas e vagabundeares os dias inteiros! Procura um emprego, arranja algum trabalho!'
Que merda, descubro que também sou desempregado!!!
Tento explicar ao meu irmão que é difícil encontrar trabalho quando se é vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca e órfão, mas não consigo, porque....
Porque sou gago!!!!
Transtornado, desligo o telefone, com a única mão que tenho, e com lágrimas nos olhos, vou até a janela olhar a paisagem. Milhões de barracas ao meu redor...
Sinto uma punhalada no pace-maker: além de vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca, órfão, gago, desempregado, maneta e cardíaco, vivo também numa barraca...
Começo a ficar indisposto e a sentir um calafrio dirijo-me ao guarda-fato para apanhar um casaco, e para minha surpresa, quando abro a gaveta encontro uma camisa do...Sport Lisboa e Benfica.
Aí já é sacanagem...
Entro em desespero, pois além de vesgo, italiano, deficiente físico, maricas, viciado, talvez seropositivo, careca, órfão, gago, desempregado, maneta, cardíaco, vivo também numa barraca... e... Sou adepto do Benfica?
Puta que pariu!!!!
Nesse momento, o meu namorado regressa e diz:
- "Amooooooor ! vamos, senão chegaremos atrasados ao Conselho Nacional do Partido Socialista".
Desmaiei.....
sábado, 24 de abril de 2010
Perdoai-nos senhor
Segundo os estudiosos, a infidelidade conjugal pode ser classificada segundo três tipos:
- a traição como afirmação da feminilidade ou da masculinidade. Creio que será o caso dos traidores compulsivos que a todo o momento conquistam e descartam.
Diz-se também por aí que se uma mulher quiser, será muito difícil a um homem resistir-lhe. Será? Acho esta afirmação demasiado forte, porque me parece que um homem não é apenas um pénis, ainda que essa parte anatómica ocupe demasiado espaço nas ligações sinápticas do seu cérebro.
De qualquer maneira, a traição é sempre deflagradora de sentimentos desagradáveis. Tiro o chapéu a quem consegue fazer deste amargo de boca, um limão e do limão uma limonada e depois engoli-la com muito gelo e açúcar.
Momentos
A vida é feita de momentos, alguns guardamo-los toda uma vida. Há também outros de parca importância que rapidamente passam a murmúrios no nosso cérebro e desaparecem.
Um momento marcou a minha tarde e acabo de me aperceber que me tem ensombrado o espírito durante as últimas horas.
Algumas palavras trocadas num chat na internet geraram a confusão. É curioso como a palavra escrita pode ser poderosa e facilmente assumida, verosímil, e outras vezes tão frágil e desprovida de força. Reagimos às palavras, interpretamo-las de forma inconsciente até formarem alguma sequência de sentidos que facilmente imaginamos serem proferidos pelo nosso interlocutor. Algumas são banais e tão pouco nos afectam que rapidamente as esquecemos. Outras tocam-nos profundamente e gravamo-las religiosamente no nosso ser para delas nos voltarmos a servir. E voltamos a ouvi-las na nossa cabeça como se tivessem sido proferidas há instantes.
As palavras, que hoje proferi, transformaram-se pela rede, tendo afectado o meu interlocutor de uma forma que não era intencional. O mal entendido ficou esclarecido, mas as sensações, inconscientemente e involuntariamente provocadas, ficaram. Não há forma de apagar esses momentos, por muito breves que tenham sido e por muito bem esclarecida que tenha sido a situação.
Tratou-se apenas de uma confusão mas tal desencontro provocou sensações contraditórias, mesmo que durante alguns instantes apenas.
Outros momentos colocarão este em algum recôndito e obscuro lugar do nosso cérebro.
Mudanças
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Há gostos para tudo
Quis o destino que eles alugassem casa aos que, posteriormente, viriam a ser os meus sogros. Estão a ver a festa, no andar de cima morava o que, mais tarde, iria ser o meu mais que tudo. No andar de baixo, morava a que, mais tarde, iria ser o mais que tudo dele. Mas este texto não reza sobre essa história, que deixarei para outra altura.
- Vizinha, está a fazer comidinha para os cães?
- Estou, vizinho -responde ela, sorrindo.
-Os seus cães são uns sortudos – acrescenta ele – é que essa comidinha cheira mesmo bem!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
O meu menino homem
Hoje, Maria Teresa, o que escrevo é verdade.
Estou triste, cansada, desiludida. Hoje o meu menino homem teve um ataque epiléptico. Depois de um estrondo, fui dar com ele estendido no chão, a cadela ladrando desesperada, e o meu menino convulsionando e lutando inconscientemente contra a falta de ar. E eu impotente, sempre impotente. Antes cabia-me nos braços, hoje sou eu quem cabe nos braços dele. Antes pegava-lhe ao colo e deitava-o confortavelmente numa cama, hoje, só lhe pude amparar a cabeça, impedindo que se magoasse mais.
O meu menino nasceu bonito e de aspecto saudável. Eu, com 21 anos, desejei-o, escolhi-lhe o nome e planeei-lhe toda uma vida. Pouco meses depois, surgiram os primeiros sintomas de que algo estava mal. Seguiram-se anos de diagnósticos furados, muitos medicamentos errados e sonhos frustrados.
Na escola, o meu menino não lia, o meu menino não aprendia, mas era feliz, brincava e sorria. Hoje, com quase 23 anos, o meu menino homem podia ser qualquer coisa, talvez músico, talvez engenheiro (adivinhando-lhe os gostos). Hoje, o meu menino homem, pede-me que lhe arranje uma namorada loura, joga playstation e vê futebol.
Hoje o meu menino homem é autónomo nas coisas básicas, mas não sabe atravessar a estrada.
Hoje o meu menino homem depende de mim, amanhã será das irmãs.
Amanhã não estarei cá, mas ele sim e não perceberá porque o abandonou a mãe.
domingo, 18 de abril de 2010
Composições
Lembro-me de fazer composições sobre “Se eu fosse uma nuvem…”; “Se eu fosse um comboio…”; “Se eu fosse uma gota de água”.
No 2º ciclo, lembro-me essencialmente de desenvolver e terminar histórias. O professor lia parte de um determinado texto e a nós competia-nos a tarefa de o desenvolver. Lembro-me de nos rirmos muito acerca das aventuras mirabolantes que nos saiam da pena e que depois eram lidas para a turma.
Do 3º ciclo, não me lembro de grande coisa. Lembro-me de só me apetecer escrever sobre ficção científica e de quando não tinha tempo para acabar o solicitado, escrever “continua no próximo episódio” como se de uma série se tratasse.
Fiz duas vezes o décimo ano, uma delas com 15 anos e outra com 27. Nesse nível de escolaridade, por caricato que pareça, tive o pior e o melhor professor de Português. A pior, a do meu primeiro 10º ano, chamava-se Branca, talvez pela esperança ou fulgor que os pais viam nela, porque para mim era muito Negra. Lembro-me que em Janeiro nos pediu uma composição subordinada ao tema “A minha consoada”. Esmerei-me, sei que me esmerei e fiz uma composição onde da Consoada apenas aproveitei a data. Passados todos estes anos ainda me recordo que a história estava relacionada com alguém que não pôde ir passar a consoada com quem desejava porque foi surpreendido no caminho por espíritos, lobisomens e demais “sobrenaturalidades”.
Quando recebi a composição, vi, escarrapachadinho, assinadinho e tudo, um valente de um oito. Oito, porquê?, interroguei-me nada habituada a estas lides. Perguntei-lhe a razão e a professora disse-me que não tinha pedido um tema livre e que eu não tinha respeitado o tema. Respondi-lhe que, do meu ponto de vista, tinha cumprido o tema, só não me tinha era apetecido falar em filhoses e bacalhau. E que como não tinha incorrecções achava muito injusta a classificação obtida. O mais que consegui foi que me desse 10, a mim, eu, je, a precursora da Saga Vampiresca agora tão em voga.
De qualquer maneira esse foi um ano para esquecer, qual Midas, a senhora conseguia tornar tudo em que tocava intragável. Espero que já algum dia lhe tenham dito, ou que já tenha aprendido por si própria, que se os alunos GOSTAREM, APRENDEM. Está no ofício do professor o despoletar desse gosto.
sábado, 17 de abril de 2010
(Ainda) Meu amor
Lembras-te do dia em que deixaste de me atirar o beijo matutino? Lembras-te da última vez da tua pele ansiando pela minha? Lembras-te de te esqueceres de mim?
Lembro-me do dia em que chegaste mais cedo e eu, crente, pensei que vinhas por mim. Enrolaste apressadamente a vida de nós numa mala pequena e foste-te, não me deixando mais do que a tua intacta lembrança.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Contagem (depois da meia noite) crescente
Essa ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona decidiu que hoje seria o último dia em que inspiraria, por seu livre arbítrio, benzeno, nitrosaminas, formaldeído e cianeto de hidrogénio.
Além dos 22 anos em cada perna que já detém, a ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona, decidiu que também queria ter a mesma quantia em cada braço. Posto isto decidiu submeter-se, desta vez, a uma contagem crescente, contando, daqui adiante, os dias em que essas substâncias estiverem ausentes.
E que as boas intenções não as levem os ventos! (e assim a ajudem os amigos da ex-bebé, ex-magricela e ex-chorona, incutindo-lhe responsabilidade, força de vontade e coragem. Ela conta também com eles.)
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Caminhada em Sever do Vouga (Silva Escura)
Euzinha, que costumo andar muito... de carro... e que a pé não dou mais do que os passos necessários para entrar no dito, decidi-me a arrastar a família e uma amiga para uma caminhada de 10,5 que acabaram por ser quase 13 QUILÓMETROS (o uso de maiúsculas deve-se ao facto de me terem parecido quilómetros muito grandes, por isso acho que se fossem medidos por mim, seriam, no mínimo, uns 25).
Ah pois! Às 10 da matina lá estávamos nós, no lugar acordado, munidos de "armas" (aguinha e paparoca) e bagagens, esperando pelos demais convivas. Pouco depois lá seguimos (tardiamente para o dia de sol que estava) e palmilhamos aquela serra danada, que parecia não ter fim.
No entanto, embora principiantes no desporto, conseguimos fazer os terroríficos quilómetros todinhos, sem direito a chamadas aos bombeiros, helicóptero de inem ou empurrões dos parceiros, mas com os bofes a saírem pela boquita em larga escala.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Certas profundidades destes degraus
Mais vale ler merda que não ler merda nenhuma.
E não é que é verdade?! Ao menos desenvolvemos o sentido crítico.
Da mesma forma este filosófico pensamento é válido para a escrita. Mais vale escrever merdas sem jeito que não escrever merdas nenhumas. É isso que aqui faço. Ao menos consulto o dicionário de vez em quando!
PS. Esquecia-me de dizer que faltam só 4.
Alberto, o descorçoado
Retirou da parede do quarto, com sumo cuidado, todas as fotos de Idália que, durante anos, lhe tinha tirado à socapa.
Embalou todos os objectos e envolveu meticulosamente as mobílias más frágeis com plástico de bolhas. Sentou-se no sofá e ligou à transportadora para, mais uma vez, conferir a hora da mudança.
Olhou, pela enésima vez, pela janela da sala esperando vê-la deslocar-se pela sua casa seminua, como era seu hábito. Nem um vislumbre da sua pessoa. Está na casa do gajo das rosas encarniçadas, pensou enraivecido. Parva de merda.
Procurou saber de cor tudo o que não queria esquecer, o seu rosto, o seu jeito agreste, a forma como mordia o lábio, o peito alto, o porte elegante a jeito de bailarina. Guardou na memória também a casa, a sala que via da sua, a roupa que esvoaçava no estendal, o cão irritante que, de dia, morava na varanda.
Sentiu remorsos das vezes que não a convidou para sair, das tantas vezes que se queixou das rosas oferecidas por outrem, mas não lhe ofereceu nenhumas, das vezes que se queixou do latir guinchado do cão.
Ouviu o toque da campainha anunciando a chegada dos homens da mudança e sentiu remorsos mas escolheu partir.
Carta a nós
Dizes-me tu, na tua última carta, que vais, por auto-gestão, tentando adentrar-te na escrita ficcionada. Desculpas-te, acrescentas que a tua formação está longe de ser de Letras e referes que tiveste péssimos professores de português. Dizes-me que já pensaste em inscrever-te num curso de escrita criativa mas, nesta altura da tua vida, a ideia de horários fixos agonia-te.
Eu, nem disso posso fazer desculpa. Sou de Letras e tive meia dúzia de professores excelentes, quatro dos quais de português ou de disciplinas relacionadas.
Comecei bem, do segundo ciclo lembro-me de um professor fabuloso chamado Mário Calçada. Gostei tanto dele que ainda hoje, passados tantos anos, lhe recordo o nome, a cara e algumas das aulas. Procurei-o, inclusive, no “Cara de Livro” mas, infelizmente, não o encontrei.
Mais tarde, já no 10º ano, tive outro professor de quem guardo excelentes recordações, Joaquim Jorge Carvalho.
Na universidade tive uma professora também de se tirar o chapéu, Ana Paula Arnault, que nos orientava nos meandros da Literatura Portuguesa I (contemporânea). Tive também o prazer de conhecer Camões, Gil Vicente e outros amigalhaços, pela mão de outro professor de excelência, Cardoso Bernardes.
O que tornava estes professores diferentes dos outros, não era a sua superior formação académica, era a forma como nos conseguiam transportar para dentro da literatura. Era o facto de trazerem a alma consigo, diferença colossal entre fazer as coisas por gosto ou por obrigação.
Nenhum destes professores de que falo me ensinou as técnicas da escrita criativa. O que estes professores conseguiram foi transmitir-me o gosto que sentiam pela literatura. Obrigada Caríssimos Senhores Professores.
Maria Teresa, não tendo tu o prazer e a sorte de teres tido professores destes, o teu auto didactismo é genial. Tiro-te também o chapéu e crê que teria gostado de ter sido tua aluna. Seguramente.
Até breve e espero notícias tuas.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quarta-feira, 31 de março de 2010
Rosas encarniçadas
Ele (pensando)
Não há quem entenda as mulheres, raios as partam. Armada em importante. Quem será o gajo das rosas encarniçadas?
Ela (acerca das rosas cogitando)
Ele ama-me. Só pode. Tanta rosa vermelha. Vermelho é paixão. Mas porquê agora, passado tanto tempo?
Ele (descendo as escadas e cruzando-se com ela no patamar)
- Bom dia, Idália. Estás com um ar fresco.
Ela (desejando não se ter cruzado com ele)
- Bom dia, Alberto. Fresco? Só se for do frio, que não acaba.
Ele (esmiuçando)
- Tens uma florista por tua conta? É um ver se te avias de encomendas a chegar aqui.
Ela (da questão fugindo)
- É, gosto da casa enfeitada. Até logo, Alberto.
Ele (tentando)
- Um dia destes ainda te ofereço um ramo de rosas.
Ela (já subindo)
- Oferece-me agora nos anos.
Ele (descendo)
- Mas agora não fazes anos.
Ela (desconversando)
Então não faço, faço 30 que te aturo.
Ele (amuado, pensando)
Se não fosses tão boa… enfiava-te era as malditas encarniçadas num certo sítio.
Isso é que era!
domingo, 28 de março de 2010
Histórias do arco da velha
Este blogue, independentemente da qualidade, tem apenas como função o simples exercício literário. O que aqui deixo não é mentira. É uma realidade deturpada. São coisas diferentes, mas não antagónicas. Se a muitos parece real, tanto melhor, é sinal de que o que escrevo é verosímil, um dos pressupostos da escrita. Isto não sou eu, sou eu escrevendo, já o disse anteriormente e repito.
A febre do Farmville à noite (e de dia também)
Não me venham cá dizer que o Farmville não é jogo para pessoas cultas e bem posicionadas na vida. Eu vi logo, mal topei com o joguinho, que era coisa para mim, pessoa doutíssima. Agora, com tão ilustres vizinhos, é que não arredo pé do Cara de Livro, (como diz a minha amiga Redzinha) não vão eles, em vez de uma vaquinha cor de rosa, enviar-me um lugarzinho no parlamento. Sempre tinha mais tempo para jogar!
"As palavras são como punhais"
as palavras escorrem-me da boca como uma torrente invernal.
Tu:
apanha-las, limpa-las e seca-las. Guarda-las na gaveta vermelha.
Eu:
arrependo-me delas e não quero que as guardes.
Tu:
abres a gaveta e pões-lhes um pacote de pó desumidificador, para que se conservem melhor. Um dia precisarás delas e quando delas já não me lembrar, tiras o pó de uma após outra e ofereces-mas de volta.
sábado, 27 de março de 2010
Degraus submarinos
Nesse calendário, alinham-se os astros com o simples propósito de me lixar o juízo. Hoje, apetece-me bater as portas com uma força brutal e ir passar o resto do dia ao inferno. Não seria pior e talvez gozasse férias.
quarta-feira, 24 de março de 2010
O desacordo do acordo
Além disso, quantas menos letras tivermos que escrever, menos erros damos, não é? Grande parte dos acentos ortográficos são já espécie em vias de extinção, por isso venha lá o acordo que me poupa trabalho na correção dos testes.
Parece-me, também, uma parvoíce dizer-se que este acordo é apenas uma cedência ao Brasil. Embora existam cedências, e qual é o acordo onde não as existem, basta olhar para o que muda para se ver que o que está em jogo é uma adequação do escrever ao falar português. Pela razão de pronunciarmos o c de facto é que vamos continuar a escrever facto. Pelo facto de não pronunciarmos o p de acepção é que o vamos deixar de escrever. Se se tratasse apenas de cedências ao Brasil, facto passaria a ser fato e aceção escrever-se-ia acepção, porque esse p, no Brasil é pronunciado. Trata-se de escrever, assim como pronunciamos, as nossas palavras.
Uma das coisas que mais me irritam neste processo é que me digam que vai ser muito difícil, que se vai dar muitos erros, que as pessoas não se vão habituar. Hoje, por exemplo, não se convive bem com o euro? Convive-se, mas antes dizia-se que ia ser uma grande confusão. Só não se muda o que não se quer mudar e ponto final.
Repare-se que este texto foi escrito de acordo com o acordo ortográfico e, por fora, não se nota grande coisa! Digo por fora porque o meu computador não achou o texto correto e queixou-se muito dizendo que se lhe complicava o sistema, que se lhe desarranjava o hábito das cores fixas para determinadas incorreções. Mas que sabe ele? Vai ao médico e pronto, que aqui mando eu!
segunda-feira, 22 de março de 2010
A cor do horto gráfico
Abismado: sujeito que caiu de um abismo
Pressupor: colocar preço em alguma coisa
Biscoito: fazer sexo duas vezes
Coitado: pessoa vítima de coito
Padrão: padre muito alto
Estouro: vaca que sofreu operações de mudança de sexo
Democracia: sistema de governação do inferno
Barracão: proíbe a entrada de caninos
Homossexual: sabão em pó para lavar as partes íntimas
Detergente: acto de prender seres humanos
Eficiência: estudo das propriedades da letra F
Halogéneo: forma de cumprimentar pessoas muito inteligentes
Expedidor: mendigo que mudou de classe social
Luz solar: sapato que emite luz por baixo
Cleptomaníaco: mania por Eric Clapton
Tripulante: especialista em salto triplo
Aspirado: carta de baralho completamente maluca
Destilado: do lado contrário a esse
Pornográfico: o mesmo que colocar no desenho
Coordenada: que não tem cor
Testículo: texto pequeno
(via mail)
Step by step (post vivo)
Também há os que a sobem devagarinho, penosamente, mas que, a custo, vão subindo.
Contrariamente a estes, há outros que apenas descem. E outros, ainda, que sobem todos os degraus às costas dos outros. Há também os que a sobem de elevador. Estes, os últimos dois, são espécimes em reprodução desenfreada.
Nota: este post vai sendo acrescentado consoante os comentários vão chegando.
sábado, 20 de março de 2010
De degrau em degrau
Quando o tempo que me resta é insuficiente para fazer o que desejo, desço um degrau.
Quando tu não estás e tenho saudades, desço mais um degrau.
Quando o prometido não chega e o aborrecimento não vai, dou um pontapé num degrau.
Neste preciso momento, desço o milésimo terceiro degrau ABAIXO DE ZERO (a pé).
sexta-feira, 19 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
Apenas um baldinho
No seguimento desta argumentação, também não deveria ter nada contra o que vi hoje, mas não consigo deixar de ter, embora não tenha nada com isso.
Todos os dias passo duas vezes por um local onde estas senhoras abundam. Todas as vezes que passo, olho para elas, movida por uma curiosidade que eu própria não percebo. Quase sempre as vejo desocupadas, apenas dedicando o tempo a umas chamadas telefónicas ou dizendo adeus a um ou outro camionista.
Hoje, ao passar, reparo que uma delas parece acertar os pormenores com um cliente e o cliente é um dos meus vizinhos.
Nunca perceberei o que leva um homem, com uma mulher gira, nova, sem problemas de saúde que se conheçam, a socorrer-se deste tipo de esquemas. Percebo que não procure nada mais do que sexo, mas não entendo como pode não ter problemas em adentrar-se numa situação onde a mulher não tem meios para proceder a quaisquer medidas de higiene (imagino que nos pinhais não haja sanitários públicos) e onde o homem não se importa minimamente com isso.
Tudo isto fez-me lembrar África. Nos mercados vende-se cerveja e existe apenas um copo e um balde de água. Cada cliente bebe do mesmo copo que depois é “meticulosamente” passado pela água do balde que só é mudada ao fim do dia.
sexta-feira, 12 de março de 2010
Posições sexuais e seus pecados
Vejam os comentários sobre o pecado das seguintes posições sexuais:
Posição de quatro:
É uma das posições mais humilhantes para a mulher, pois ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra. Animais são seres que não possuem espírito, então o homem que faz o cachorrinho com sua parceira fica com sua alma amaldiçoada e fétida.
Sexo Oral:
O prazer de levar um órgão sexual à boca é condenado pelas leis divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua para apreciar os sabores. A mulher, engolindo o sêmen, não vai ter filhos. E o homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de sua parceira.
Sexo Anal:
O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões de bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto só existem ratos, baratas e mendigos.. A pessoa que sodomiza ou é sodomizada se iguala a um rato pestilento.. .
Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado.
Mas o pior é quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura já está carimbado nos confins do inferno...
Vejam a maneira certa de se relacionar sexualmente, segundo a cartilha:
Posição recomendada:
O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso.
Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem, após penetrar a mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, pois a fêmea deve estar: Orando ao Senhor para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide. ..
Depois do ato sexual:
Os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo.
Como penitência:
O açoite com vara de bambu é aceite como forma de purificação.
Comentário próprio: diz o Senhor Bispo que depois do acto em si, os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer que tiveram.Pergunto eu: qual prazer, qual orgasmo?
Se para o homem, coitado, depois de tanta privação, contenção e preocupação pela frustração que a companheira deve estar a sentir, ainda conseguiu um orgasmo, então não merece ser penitenciado pelo prazer porque, por certo, sofre de ejaculação precoce.
A mulher só terá de se penitenciar devido a alguma coceira que teve, porque orgasmo, Sr. abençoado bispo, só em sonhos (purificados, é claro!).
Ele há cada uma, que venha o diabo e escolha!
Nota: texto, excepto o meu comentário, recebido via email. Como tal nem sei se tal livro existe e pouco me interessa. Deixo aqui o texto apenas como curiosidade e porque me fez lembrar a Idade Média onde um casal copulava resguardado por um lençol que tinha um pequeno orifício que servia para introduzir o membro reproductor, evitando-se, assim, o toque do resto dos corpos, bem como a visão da nudez alheia.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Quase, quase...
Depois de devidamente anunciada, não fosse a hierarquia amuar, entrei nos seus domínios.
- Bom dia. Querias falar comigo…
- Olá. Olha, telefonaram-me a perguntar se podias ir ao tribunal…
- Ao tribunal?
- Sim, parece que precisam dos teus serviços…
- Para quê?
- É pá, têm lá uns gandulos estrangeiros que não pescam nada de português e só falam espanhol. Precisam de alguém para ir lá fazer a tradução…
- Fazer a tradução…uhum… de quê?
- Do interrogatório. Precisam de interrogar os gajos. Estás disposta?
- Estou. Parece-me interessante a ideia. Mas olha, entro às 14h20…
- Sim, mas é Orientação Educativa, posso dispensar-te disso.
- Mas às 15h20 tenho de dar um teste numa turma e tenho de estar despachada antes disso.
- Ok. Vou ligar para lá e depois digo-te.
Saí, rindo-me, silenciosa mas compulsivamente. Achei a experiência, que se adivinhava, um primor.
Aguardei até mais não poder e entrei na aula para dar o tão menos interessante teste.
-Então? Depois não disseste nada…
- Pois não, desculpa. Telefonaram-me para me dizer que tinham resolvido a situação e eu quis falar contigo para te descansar, mas meteram-se outros afazeres e esqueci-me.
Como se eu tivesse alguma coisa “cansada”. Lá se foi a minha experiência interessante, pensei.
domingo, 7 de março de 2010
A raça do alentejano
Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho....
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.
Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";
dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;
dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;
dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;
dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;
dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;
e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.
O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.
Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.
Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.
É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus:
nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.
Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?
Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que
«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».
E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?
Era um descanso...
Nota: recebido via email. Enviado por um quase minhoto casado com uma alentejana, que por acaso, sou eu.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Lustre
segunda-feira, 1 de março de 2010
Violência doméstica
Sem um carinho, atira: - Fernanda, o comer está pronto?
Mastiga-se o silêncio, as batatas e o medo.
A garrafa do vinho, já disse! – remata, peremptoriamente.
Ó homem, deixa lá isso. Olha o que disse o doutor.
Quero lá saber do doutor ou meio doutor. Dá-me o vinho!
Fernanda levanta-se e traz-lhe o vinho sabendo, inequivocamente, o que se avizinha.
Ai homem que és a nossa desgraça, lamenta-se angustiada, olhando os filhos de soslaio.
Nota: A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, na maioria das vezes de forma silenciosa e dissimulada. Trata-se de um problema que acomete ambos os sexos e não costuma obedecer a nenhum nível social, económico, religioso ou cultural específico, como poderiam pensar alguns.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
A caixa de música
Mal entrava em casa, cumprimentava a tia de raspão e dirigia-se à sala dos fundos. Antes de qualquer acção mais movimentada, primeiro olhava-a, como que confirmando que realmente existia. Depois, a medo, não fosse a magia quebrar-se, rodava a corda e, embevecida, deixava-se envolver pelo seu melancólico som e a sua vista perdia-se na dança da pequena bailarina que saía da caixa. Durante dois minutos e alguns segundos era feliz.
Quando a corda acabava, rodava novamente o manípulo e, mais uma vez se tornavam cúmplices. Sim, acreditava que esse era também o momento mais feliz da bailarina, os breves momentos em que a deixavam bailar, depois de tantas horas de espera.
Nunca conseguira satisfazer o desejo de vê-la bailar até ao limite do cansaço. Quase sempre a tia a interrompia e reclamava a posse da ilusão.
- Menina, isso não é para estragar. Veio de França. É muito caro e não é brinquedo de crianças.
O tempo não se detém e muito mais tarde, a filha mais velha, sabedora dos anseios maternos, calcorreou meia cidade com uma pesada caixa de música para lhe oferecer no Natal.
A mãe desembrulhou a prenda e de imediato os olhos encheram-se de lágrimas. A filha sorriu convicta da felicidade da mãe. À mãe, as lágrimas continuavam a lavar-lhe o rosto, mas, contrariamente ao esperado, de frustração e infelicidade egoístas.
À prenda, uma caixa de jóias com música, faltava o essencial da magia, a pequena e doce bailarina, vestida de tule.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Morra a data, pum, pum, pum
Façam-me o favor de desactivaram essa aplicação. Morram as datas nas fotos! Pum!
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Um pouco mais de azul e eu era além, já dizia o M. Sá Carneiro que, a ver pelas fotos, sofria do mesmo mal que eu!
Sei que tenho genes de uma progenitora de fazer parar o trânsito. Loura, lindíssimos olhos verdes e uma carinha e corpo larocos que, a elas, fazia suspirar de inveja, a eles, de outras coisas.
Sei que tenho genes de um morenaço com pinta de actor que era o terror dos pais e o sonho das filhas.
Sei que era para me chamar outra coisa, mas deram-me este nome, porque pelo menos tinha bela.
Sei que tenho um primor em forma de prima direita e com a qual dizem que sou levemente parecida (levemente, note-se).
Ainda bem que sou filha única, imagino a irmã que aí viria e a inveja que por aqui havia.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Gafanhotos
- Onde estiveste? – perguntou ela, secamente, enquanto dobrava as camisas.
- Pensando na vida, Natália, pensando na vida.
- E que concluíste?
- Que a pele é inútil se não fala o idioma do ardor e da água.
- Molhaste os pés e picaste-te nas ortigas?
- Não.
- És complicado, homem. Deixa-me passar a roupa.